Arraial do Cabo, como sabemos, fica na Região de Cabo Frio. O cabo
foi assim chamado devido à baixa temperatura das águas nas praias do local, que
resulta, por sua vez, de um fenômeno chamado ressurgência. É esse mesmo
fenômeno também o responsável pela grande biodiversidade marinha de Arraial, da
qual muito se beneficia o comércio e o turismo.
Ele é raro e ocorre em poucas partes do mundo; no Brasil, embora isso aconteça também em Cabo de Santa Marta (SC), é na região de Cabo Frio uma de suas manifestações mais fortes.
Ele é raro e ocorre em poucas partes do mundo; no Brasil, embora isso aconteça também em Cabo de Santa Marta (SC), é na região de Cabo Frio uma de suas manifestações mais fortes.
Arraial do Cabo é um dos poucos
lugares no Brasil que se localiza em um zona propícia para esse fenômeno
acontecer, por isso este lugar é observado como núcleo principal do afloramento
da massa de água nomeada de Água Central do Atlântico a qual é caracterizada o
nosso país. A ressurgência é mais frequente no verão devido ao regime de ventos
que rege esse fenômeno e em locais próximos à costa. Ela é oriunda dessa ação
dos ventos e da rotação da Terra, consistindo, basicamente, no afloramento de
águas profundas em direção à superfície.
No caso de Arraial do Cabo, essas
condições provocam o afastamento da Corrente do Brasil, corrente marítima que
se desloca rente à costa vinda do Nordeste (e por essa razão, mais quente).
Quando essas águas afastam-se da costa, abrem espaço para aquelas trazidas pela
Corrente das Malvinas, que fazem o trajeto contrário ao da corrente do Brasil,
vinda do Pólo Sul e, por isso, mais fria.
Essas águas, antes em regiões
afóticas (onde a luz não alcança), são ricas em sais nutrientes, uma vez que lá
ocorre a deposição de toda a matéria orgânica acumulada no mar (dejetos dos
animais, seus corpos mortos, carapaças), que é então remineralizada através da
ação de bactérias anaeróbicas. Esses nutrientes, entretanto, permanecem inertes
nessas regiões, em razão da pouca quantidade de vida, não sofrendo o esgotamento
que geralmente acontece em menores profundidades.
Pelo fenômeno, esses nutrientes
são arrastados até as camadas mais iluminadas do mar, onde servem de alimento,
por meio da fotossíntese, às algas microscópicas (chamadas fitoplâncton),
causando nelas uma explosão populacional. O fitoplâncton é a base da cadeia
alimentar marinha, servindo aos pequenos animais (zooplâncton) que, por sua
vez, servem aos peixes pequenos e assim por diante, até chegar à proliferação
dos peixes de grande valor comercial.
Assim, a ressurgência fertiliza a
água, o que, somado à migração de espécies vegetais e animais trazidos pela
corrente, contribui imensamente para a biodiversidade marinha de Arraial do
Cabo. Por este motivo, a cidade é rica em pescado, constituindo, inclusive, um
Pólo dessa atividade econômica no país.
A biodiversidade marinha também
transformou Arraial em uma das capitais brasileiras do mergulho, fator que
contribuiu para o desenvolvimento do turismo na localidade. O turismo, além
disso, é beneficiado por outros fatores decorrentes da ressurgência, como o clima seco, ventos
constantes e a maior insolação anual. Arraial do cabo, que é
considerado uma das três capitais brasileiras do mergulho, também apresenta uma
rica diversidade de vida marinha e águas claras.
Curiosidade
A alta variedade de pescado sempre foi
recurso de subsistência das populações locais. A pesca artesanal é uma tradição
que vem dos primeiros habitantes e se mantém até hoje, figurando como atividade
que alavancou a economia de Arraial. A Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, criada em janeiro de
1997, inclusive, veio para consolidar e preservar a pesca centenária e típica
da região, que revela muito sobre a história da população. Além disso, veio
ampliar os recursos já existentes, permitindo assim um maior controle da
exploração sustentável dos recursos naturais e uma melhor convivência entre os
mais diferentes tipos de pesca que lá existem (artesanal, pesca de linha e
moderna, por exemplo).
Entretanto, ao longo dos anos o projeto
passou a enfrentar dois grandes problemas: a pesca predatória praticada pelas
companhias industriais, representando uma injusta competição aos pescadores
locais, que pescam para a própria subsistência, e a falta de fiscalização, que
gera o desrespeito às condições de pesca.
A fim de resolver os conflitos gerados,
surge então o Projeto Ressurgência, que tem por objetivo não só revitalizar os
ecossistemas costeiro e marinho, mas também promover o extrativismo sustentável, a partir de um estudo da flora e da fauna da
reserva e do conhecimento tradicional dos pescadores artesanais. Você pode
descobrir um pouco mais sobre esse projeto transformador e ver de que maneira
ele transforma a vida dos habitantes no link.